segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Realismo



       REALISMO                                                     

Contexto Histórico
·         Surgiu a partir da segunda metade do século XIX.
·         As ideias do Liberalismo e Democracia ganham mais espaço.
·         As ciências evoluem e os métodos de experimentação e observação da realidade passam a ser vistos como os únicos capazes de explicar o mundo físico.
·         Em 1870, iniciam-se os primeiros sintomas da agitação cultural, sobretudo nas academias de Recife, SP, Bahia e RJ, devido aos seus contatos frequentes com as grandes cidades europeias.
·         Houve também uma transformação no aspecto social com o surgimento da população urbana, a desigualdade econômica e o aparecimento do proletariado.
·         O Realismo iniciou-se na França, em 1857, com a publicação de “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert.
·         No Brasil foi em 1881, com “Memórias Póstumas da Brás Cubas” de Machado de Assis e “O Mulato” de Aluísio Azevedo.


                       Características do Realismo
·         Oposição ao idealismo romântico. Não há envolvimento sentimental
·         Representação mais fiel da realidade
·         Romance como meio de combate e crítica às instituições sociais decadentes, como o casamento, por exemplo
·         Análise dos valores burgueses com visão crítica denunciando a hipocrisia e corrupção da classe
·         Influência dos métodos experimentais
·         Narrativa minuciosa (com muitos detalhes)
·         Personagens analisadas psicologicamente
                  Autor principal do Realismo - Machado de Assis

É considerado o maior escritor do século XIX, escreveu romances e contos, mas também aventurou-se pelo mundo da poesia, teatro, crônica e critica literária.
Nasceu no Rio de Janeiro em 1839 e morreu em 1908. Foi tipógrafo e revisor tornando-se colaborador da imprensa da época.
Sua infância foi muito pobre e a sua ascensão artística se deve a muito trabalho e dedicação. Sua esposa, Carolina Xavier, o incentivou muito na carreira literária, tanto que foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.
Como romancista escreveu: ”A mão e a luva”, “Ressurreição”, ”Helena” e “Iaiá Garcia”.


Outros Autores

·         Raul Pompéia: “O Ateneu”
·         Aluísio Azevedo: “O cortiço”,”O Mulato”, “Casa de pensão”
·         Inglês de Souza: “O missionário”
·         Adolfo Caminha: “A normalista”, “Bom-Crioulo”
·         Domingos Olímpio:''luiza-Homem''
                   

Cronologia dos principais romances do Realismo
·         1881 “O Mulato”, “Memórias póstumas de Brás Cubas”
·         1884 “Casa de pensão”
·         1888 “O missionário”, “O Ateneu”
·         1890 “O cortiço”
·         1891 “Quincas Borba”
·         1893 “A normalista”
·         1895 “Bom-Crioulo”
·         1899 “Dom Casmurro”
·         1903 “Luzia-Homem”
·         1904 “Esaú e Jacó”
·         1908 “Memorial de Aires”







Referencias: http://www.brasilescola.com/literatura/realismo.htm




Naturalismo


Naturalismo no Brasil

Século XIX. Nessa época surgiram novas concepções a respeito do homem e da vida em sociedade e os estudos da Biologia, Psicologia e Sociologia estavam em alta.
Os naturalistas começaram a analisar o comportamento humano e social, apontando saídas e soluções.
Aqui no Brasil, os escritores naturalistas ocuparam-se, principalmente, com os temas mais obscuros da alma humana (patológicos) e, por causa disso, outros fatos importantes da nossa história como a Abolição da Escravatura e a República foram deixados de lado.
O Naturalismo surgiu na França, em 1870, com a publicação da obra “Germinal” de Émile Zola. O livro fala das péssimas condições de vida dos trabalhadores das minas de carvão na França do século XIX.
O naturalismo é uma ramificação do Realismo e uma das suas principais características é a retratação da sociedade de uma forma bem objetiva.
Os naturalistas abordam a existência humana de forma materialista. O homem é encarado como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos, chegando a ser comparado com os animais (zoomorfização).
Segundo o Naturalismo, o homem é desprovido do livre-arbítrio, ou seja, o homem é uma máquina guiada por vários fatores: leis físicas e químicas, hereditariedade e meio social, além de estar sempre à mercê de forças que nem sempre consegue controlar. Para os naturalistas, o homem é um brinquedo nas mãos do destino e deve ser estudado cientificamente.
Características do Naturalismo
  • A principal característica do Naturalismo é o cientificismo exagerado A principal característica do Naturalismo é o cientificismo exagerado que transformou o homem e a sociedade em objetos de experiências.
  • Descrições minuciosas e linguagem simples
  • Preferência por temas como miséria, adultério, crimes, problemas sociais, taras sexuais e etc. A exploração de temas patológicos traduz a vontade de analisar todas as podridões sociais e humanas sem se preocupar com a reação do público.
  • Ao analisar os problemas sociais, o naturalista mostra uma vontade de reformar a sociedade, ou seja, denunciar estes problemas, era uma forma de tentar reformar a sociedade.
Autores brasileiros do Naturalismo
·         Aluísio de Azevedo
·         Adolfo Caminha
·         Pápi Júnior
·         Rodolfo Teófilo
·         Horácio de Carvalho
·         Inglês de Souza
·         Emília Bandeira de Melo
·         Carneiro Vilela
·         Manoel Arão
·         Júlio Ribeiro
·         Faria Neves Sobrinho

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo
   Foi um critico impiedoso da sociedade brasileira e de suas instituições. Abandonou as tendências românticas em que se formara, para tornar-se o criador do naturalismo no Brasil, influenciado por  Eça de Queirós e Émile Zola. Seus temas prediletos, focados na realidade cotidiana, foram o anticlerocalismo, a luta contra o preconceito de cor, o adultério, os vícios e a vida do povo humilde.
   A partir da publicação de seu primeiro romance “ Uma lágrima de mulher (1880) em estilo romântico e extremamente sentimental, viveu durante 15 anos do que ganhava como escritor. Por isso, sua obra pode ser dividida em duas partes: a primeira romântica, escrita para agradar o publico e vender bem, de modo a garantir-lhe a sobrevivência. A segunda, Naturalista, para expressão sua visão de mundo e as mazelas do Brasil. Foi esta que lhe deu destaque na história da literatura brasileira.
   É o caso de “O mulato” publicado em 1881, no auge da campanha abolicionista que provocou um grande escândalo. O autor tentava analisar a posição do mestiço na sociedade maranhense de seu tempo e atacou o preconceito racial.
   Ao ingressar por concurso na carreira diplomática, em 1895, encerrou a sua história literária.
Características de suas obras:
·        
         Aluísio Azevedo aparece pela primeira vez no romance brasileiro a coletividade como personagem;
·        Seu romance é social;
·                Parte sempre das bases científicas para analisar uma sociedade em dissolução, a sociedade burguesa romântica do séc XIX;
·        Pessimismo e  amargor;
·        O Cortiço, O Mulato,  Casa de Pensão é uma tríade de lancetamento impiedoso em três chagas sociais: o cortiço, o problema do mulato e a casa de pensão;
·        Em O Mulato, há uns resquícios de Romantismo e em Casa de Pensão esbarra em um ou outro rasgo folhetinesco;
·        O Cortiço é admiravelmente objetivo,

·        É o maior representante do Naturalismo.



Parnasianismo




ORIGEM
O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França, na metade do século XIX e se desenvolveu na literatura europeia, chegando ao Brasil. Essa escola literária foi uma oposição ao romantismo, pois a mesma representava a valorização do positivismo e da ciência. Seu nome surgiu na França, derivado do termo "Parnaso" que segundo a mitologia grega, era o monte do deus Apolo e das musas da poesia. Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de algumas décadas o simbolismo uma vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos da antiguidade clássica.
É caracterizado pela sacralidade da forma, pelo respeito as regras de versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pelas rimas raras e pela preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com a valorização da mitologia e do exotismo. Sua descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para os românticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos e paisagens. Os autores parnasianos faziam uma "arte pela arte", pois acreditavam que a arte devia existir por si só, e não por subterfúgios, como o amor, por exemplo.
O primeiro grupo de parnasianos de língua francesa reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição ao lirismo como credo. Na França, os principais expoentes são: Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Théodore de Banville e José Maria de Heredia.

CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO
Enfoque sensual da mulher (davam ênfase na descrição de suas características físicas)
Comparação da poesia com as artes plásticas, principalmente com a escultura
Preferência por temas descritivos (cenas históricas, paisagens)
Referências a elementos da mitologia grega e latina
Apego à tradição clássica Preocupação formal
Habilidade na criação dos versos
Vocabulário culto
Universalismo

Objetivismo


O PARNASIANISMO NO BRASIL

Os parnasianos brasileiros não seguiram todos os acordos propostos pelos franceses, pois muitos poemas apresentam subjetividade e preferência por temas voltados à realidade brasileira, contrariando outra característica do parnasianismo francês: o universalismo.
Os temas universais, vangloriados pelos franceses, se opunham ao individualismo romântico, que revelava aspectos pessoais, desejos, aflições e sentimentos do autor.
Outra característica que o Parnasianismo brasileiro não seguiu à risca foi a visão mais carnal do amor em relação à espiritual. Olavo Bilac, principalmente, enfatizou o amor sensual, entretanto, sem vulgarizá-lo.

No Brasil, os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac e Raimundo Correia.


Olavo Bilac

Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e de sua esposa Delfina Belmira Gomes de Paula, também neto paterno de João Martins dos Guimarães Bilac e de Angélica Pereira da Fonseca, irmã do 1.º Visconde de Maricá e 1.º Marquês de Maricá, terá infância e adolescência comuns para sua época. Era considerado um aluno aplicado, conseguindo, aos 15 anos - antes, portanto, de completar a idade exigida - autorização especial para ingressar no curso de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, a gosto do pai, que era médico durante a campanha da Guerra do Paraguai, e a contra-gosto próprio.
Portanto, começa a frequentar as aulas da faculdade mencionada, terminada a rápida passagem no colegial, mas seu precoce trabalho na redação da Gazeta Acadêmica absorve-o e interessa-o mais do que a prática medicinal. Por este motivo, Bilac não concluiu o curso de medicina e nem o de direito que frequentou posteriormente, em São Paulo.
Bilac foi jornalista, poeta, frequentador de rodas de boêmias e literárias no meio letrado do Rio de Janeiro. Sua projeção como jornalista e poeta e seu contato com intelectuais e políticos da época conduziram-no a um cargo público: o de inspetor escolar. A se considerar a importância dada aos cargos escolares naquele período, principalmente aquele de professor da Escola Pedro II (onde diversos eruditos disputaram famosas preleções para cargo professoral, como Euclides da Cunha e Astrojildo Pereira), não é de somenos importância perceber o relevo social desta profissão naquele meio. Aliás, sua participação na vida cotidiana e cultural foi uma marca patente em sua imagem: sabe-se, por exemplo, que em 1897 Bilac acabou perdendo o controle do seu automóvel Serpollet e o bateu contra uma árvore na Estrada da Tijuca, no Rio de Janeiro - RJ, sendo o primeiro motorista a sofrer um acidente automobilístico no Brasil.
Aos poucos profissionaliza-se: produz, além de poemas, textos publicitários, crônicas, livros escolares e poesias satíricas. Visava, então, contar através de seus manuscritos a realidade presente na sua época. Prestou colaboração em publicações periódicas como as revistas: A Imprensa (1885-1891), A Leitura (1894-1896), Branco e Negro (1896-1898), Brasil - Portugal (1899-1914) e Atlântida (1915-1920). Sua estreia como poeta, nos jornais cariocas, ocorreu com a publicação do soneto "Sesta de Nero" no jornal Gazeta de Notícias, em agosto de 1884. Recebeu comentários elogiosos de Artur Azevedo, precedendo dois outros sonetos seus, no Diário de Notícias. Ademais, escreveu diversos livros escolares, ora sozinho, ora em co-autoria com seus amigos Coelho Neto e Manuel Bonfim.
Em 1891, com a dissolução do parlamento e a posse de Floriano Peixoto, inúmeros intelectuais perdem seu protetor, o dr. Portela, ligado ao primeiro presidente republicano Deodoro da Fonseca. Como reação, o escritor participa da fundação d'O Combate, órgão antiflorianista e opositor do estado de sítio declarado pelo marechal Floriano Peixoto após a ameaça de novo golpe político contra a ainda instável república, quando então o primeiro é preso e constrangido a passar quatro meses detido na Fortaleza da Laje, no Rio de Janeiro.



Homenagem filatélica de 1967.



O grande amor de Bilac foi Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira. Chegaram a ficar noivos, mas o compromisso foi desfeito por oposição de outro irmão da noiva, desconfiado de que o poeta era um homem arruinado. Seu segundo noivado fora ainda menos duradouro, com Maria Selika, filha do violonista Francisco Pereira da Costa. Viveu só, em consequência destes descasos amorosos, sem constituir família até o fim de seus dias. Decorrido seu falecimento, em 28 de dezembro de 1808, fora sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.
Participação cívica e social
Já consagrado em 1907, o autor do Hino da Bandeira é convidado para liderar o movimento em prol do serviço militar obrigatório − já matéria de lei desde 1907, mas apenas implementado em 1915 por ocasião da I Guerra Mundial. Bilac se desdobra para convencer os jovens a se alistar.
É como poeta Bilac que se imortalizou. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, foi a maior liderança e expressão do Parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade Parnasiana. A publicação de Poesias, em 1888 rendeu-lhe a consagração.
Já no fim de sua vida, em 1917, Bilac recebe o título de professor honorário da Universidade de São Paulo.
Principais obras


Membros da Academia de Letras: Olavo Bilac é o quarto em pé, da esquerda para a direita.
Dentre os escritos de Olavo Bilac, destacam-se os seguintes:
*Antologia poética;
Através do Brasil;
Conferências literárias (1906);
Contos Pátrios;
Crítica e fantasia (1904);
Crônicas e novelas (1894);
Dicionário de rimas (1913);
Hino à Bandeira;
Ironia e piedade, crônicas (1916);
Língua Portuguesa, soneto sobre a língua portuguesa;
Livro de Leitura;
Poesias (1888);
Tarde (1919) - Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957);
Teatro Infantil;
Tratado de Versificação, em colaboração com Guimarães Passos;
Tratado de versificação (1910);
Língua Portuguesa
É soneto constituído de versos decassílabos heroicos (acento tônico ocorrente nas 6 e 10 sílabas poéticas), com rimas opostas, interpoladas ou intercaladas.
"No poema Língua Portuguesa, o autor parnasiano Olavo Bilac faz uma abordagem sobre o histórico da língua portuguesa, tema já tratado por Camões. Este poema inspirou outras abordagens, como o poema 'Língua', de Gilberto Mendonça Teles e 'Língua', de Caetano Veloso.
Esta história é contada em quatorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos – um soneto – seguindo as normas clássicas da pontuação e da rima.
Partindo para uma análise semântica do texto literário, observa-se que o poeta, com a metáfora.'Última flor do Lácio, inculta e bela', refere-se ao fato de a língua portuguesa ter sido a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado pelos soldados da região italiana do Lácio.
No segundo verso, há um paradoxo: 'És a um tempo, esplendor e sepultura'. 'Esplendor', porque uma nova língua estava ascendendo, dando continuidade ao latim. 'Sepultura' porque, a partir do momento em que a língua portuguesa vai sendo usada e se expandindo, o latim vai caindo em desuso, 'morrendo'.
No terceiro e quarto verso, 'Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os cascalhos vela', o poeta exalta a língua que ainda não foi lapidada pela fala, em comparação às outras também formadas a partir do latim.
O poeta enfatiza a beleza da língua em suas diversas expressões: oratórias, canções de ninar, emoções, orações e louvores: 'Amo-te assim, desconhecida e obscura,/ Tuba de alto clangor, lira singela'. Ao fazer uso da expressão 'O teu aroma/ de virgens selvas e oceano largo', o autor aponta a relação subjetiva entre o idioma novo, recém-criado, e o 'cheiro agradável das virgens selvas', caracterizando as florestas brasileiras ainda não exploradas pelo homem branco. Ele manifesta a maneira pela qual a língua foi trazida ao Brasil – através do oceano, numa longa viagem de caravela – quando encerra o segundo verso do terceto.
Ainda expressando o seu amor pelo idioma, agora por meio de um vocativo, 'Amo-te, ó rude e doloroso idioma', Olavo Bilac alude ao fato de que o idioma ainda precisava ser moldado e, impor essa língua a outros povos não era um tarefa fácil, pois implicou destruir a cultura de outros povos.
No último terceto, para finalizar, quando o autor diz: 'Em que da voz materna ouvi: 'meu filho'!/ E em que Camões chorou, no exílio amargo/ O gênio sem ventura e o amor sem brilho', ele utiliza uma expressão fora da norma ('meu filho') e refere-se a Camões, quem consolidou a língua portuguesa no seu célebre livro 'Os Lusíadas', uma epopeia que conta os feitos grandiosos dos portugueses durante as 'grandes navegações' , produzida quando esteve exilado, aos 17 anos, nas colônias portuguesas da África e da Ásia. Desse exílio, nasceu 'Os Lusíadas', uma das oitavas epopeias do mundo."

O poema “Profissão de fé” de Olavo Bilac é uma representação da estética parnasiana no Brasil:
Veja um trecho:
(...)
E horas sem conta passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.
Porque o escrever – tanta perícia
Tanta requer,
Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por servir-te, Deusa serena,
Serena Forma!

Vemos nas estrofes acima aspectos parnasianos, como “a arte pela arte”: o poeta deixa claro que a arte poética exige do autor o afastamento quanto ao que acontece no mundo.
Ainda vemos a exaltação e procura por um rigor técnico, purismo na forma: o poeta diz que escrever requer muita perícia, cuidado e engrandece a estética formal “Serena Forma”
Além disso, observamos no poema a forma fixa dos sonetos, a rima rica e a perfeita ou rara em contraposição aos versos livres e brancos dos poetas românticos.





REFERÊNCAS BIBLIOGRÁFICAS

SuaPesquisa: <Website: http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/parnasianismo.htm>, acessado em 30 de Novembro de 2014, às 14:37hrs.
InfoEscola: <Website: http://www.infoescola.com/literatura/parnasianismo/>, acessado em 01 de Dezembro de 2014, às 15:17hrs.
BrasilEscola: <Website: http://www.brasilescola.com/literatura/parnasianismo-no-brasil.htm>, acessado em 02 de Dezembro de 2014, às 13:21hrs.
Wikipédia: <Website: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parnasianismo>, acessado em 02 de Dezembro de 2014, às 16:16hrs.


Simbolismo




Simbolismo no Brasil

O precursor do simbolismo foi o poeta francês Charles Baudelaire (1821 – 1867). Sua poesia buscava abordar temas como miséria, prostituição, bêbados, frequentadores desocupados das tavernas, etc. Pode parecer estranho para muitos, mas ele via poesia em todos esses assuntos.
O Simbolismo chegou ao Brasil em 1893, com a publicação das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambas de autoria de Cruz e Sousa, que é considerado o maior autor simbolista.Em um ambiente em processo de mudanças econômicas, o Brasil passava por guerras civis nos anos entre 1893 e 1895. Com grande desordem na sociedade, incluindo o setor econômico e político, as potências mundiais estavam em guerra devido à decisão pelo poder econômico dos mercados consumidores e fornecedores. O Simbolismo surgiu neste contexto histórico, ao final do século XIX, se opondo ao realismo.
Ao contrário do que aconteceu na Europa, onde o Simbolismo contou com maior destaque em relação ao Parnasianismo, no Brasil o movimento ficou à sombra da poesia parnasiana, que ganhou a simpatia das camadas mais cultas do país, sobretudo em virtude do preciosismo da métrica e linguagem. Embora não contasse com o mesmo prestígio, a poesia simbolista brasileira deixou uma contribuição significativa, prenunciando os movimentos literários do século XX.
Apesar da estética simbolista ser oposta à estética parnasiana, especialmente no que se refere à ideologia, ambas se preocupavam com a linguagem e com o rigor formal, sendo possível encontrar algumas influências parnasianas nos versos do poeta Cruz e Sousa. O simbolismo nasceu do descontentamento de escritores contrários ao Naturalismo e ao Realismo, que pregavam uma visão materialista e cientificista da vida defendida pelo Positivismo. Os primeiros simbolistas apresentavam uma estética marcada pela subjetividade, elemento presente no misticismo e na sugestão sensorial, diametralmente oposta aos valores defendidos pela estética realista.
No Brasil, as inovações estiveram relacionadas com o plano temático e com o plano formal, com uma poesia permeada pelo subjetivismo, representado pelos sofrimentos universais, o amor, a morte e a religiosidade. Todos esses assuntos foram expostos através de um cuidadoso trabalho com a linguagem, privilegiando o uso de figuras de linguagem, sobretudo da sinestesia, além de versos com elaboradas construções sonoras, tendo por finalidade conferir musicalidade e ritmo às palavras.



 CARACTERÍSTICAS 
- Misticismo, religiosidade
- Desejo de transcendência e integração com o cosmos
- Interesse pelo inconsciente e subconsciente
- Subjetivismo
- Pessimismo
- Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte
- Retomada de elementos da tradição romântica
- Atração pela morte e elementos decadentes da condição humana


- Valorização dos sentimentos individuais
- Isolamento da sociedade
- Conteúdo relacionado com o espiritual, o místico e o subconsciente
- Concepção mística da vida
- Ênfase na imaginação e fantasia
- Comparação da poesia com a música
- Enfoque espiritualista da mulher envolvendo-a em um clima de sonho


CRUZ E SOUSA (1861 – 1898)
Filho de ex-escravos, Cruz e Sousa sofreu muito com o preconceito racial.Estudou na melhor escola da sua região e aprendeu latim, grego e francês. O autor dirigiu o jornal com visão abolicionista chamado Tribuna Popular, mas sofreu muito preconceito durante toda a vida devido à sua cor de pele e, inclusive, foi impedido de assumir o cargo de juiz por causa de sua cor.
Considerado um dos mais importantes poetas da nossa literatura brasileira é o mais importante poeta simbolista.
Seus livros “Missal” e “Broquéis” (únicos publicados em vida), marcam o início desse estilo literário no Brasil.

Obra
Musselinosas como brumas diurnas
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.
Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.
Os plenilúnios mórbidos vaporam ...
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos ...
(Sinfonias do Ocaso – Cruz e Sousa)




ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870 – 1921)
Nasceu em Ouro Preto (Minas Gerais) e foi um dos grandes representantes do Simbolismo nacional. Nascido em 1870, Afonso Henrique da Costa Guimarães abandonou a juventude boêmia para estudar Engenharia, e em seguida, abandonando o curso anterior, Direito. O autor morou grande parte de sua vida em Mariana. O autor usava muita musicalidade e sutileza, e procurava inspirar a atmosfera religiosa.
Sua poesia é voltada para o tema da morte da mulher amada. Ao explorar esse tema ele se aproxima dos escritores ultra-românticos que exploravam a literatura gótica e macabra. Sua obra possui uma atmosfera mística e melancólica.


Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus de Guimaraens)