segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Parnasianismo




ORIGEM
O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França, na metade do século XIX e se desenvolveu na literatura europeia, chegando ao Brasil. Essa escola literária foi uma oposição ao romantismo, pois a mesma representava a valorização do positivismo e da ciência. Seu nome surgiu na França, derivado do termo "Parnaso" que segundo a mitologia grega, era o monte do deus Apolo e das musas da poesia. Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de algumas décadas o simbolismo uma vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos da antiguidade clássica.
É caracterizado pela sacralidade da forma, pelo respeito as regras de versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pelas rimas raras e pela preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com a valorização da mitologia e do exotismo. Sua descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para os românticos são a sonoridade das palavras e dos versos. Os temas preferidos são os fatos históricos, objetos e paisagens. Os autores parnasianos faziam uma "arte pela arte", pois acreditavam que a arte devia existir por si só, e não por subterfúgios, como o amor, por exemplo.
O primeiro grupo de parnasianos de língua francesa reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição ao lirismo como credo. Na França, os principais expoentes são: Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Théodore de Banville e José Maria de Heredia.

CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO
Enfoque sensual da mulher (davam ênfase na descrição de suas características físicas)
Comparação da poesia com as artes plásticas, principalmente com a escultura
Preferência por temas descritivos (cenas históricas, paisagens)
Referências a elementos da mitologia grega e latina
Apego à tradição clássica Preocupação formal
Habilidade na criação dos versos
Vocabulário culto
Universalismo

Objetivismo


O PARNASIANISMO NO BRASIL

Os parnasianos brasileiros não seguiram todos os acordos propostos pelos franceses, pois muitos poemas apresentam subjetividade e preferência por temas voltados à realidade brasileira, contrariando outra característica do parnasianismo francês: o universalismo.
Os temas universais, vangloriados pelos franceses, se opunham ao individualismo romântico, que revelava aspectos pessoais, desejos, aflições e sentimentos do autor.
Outra característica que o Parnasianismo brasileiro não seguiu à risca foi a visão mais carnal do amor em relação à espiritual. Olavo Bilac, principalmente, enfatizou o amor sensual, entretanto, sem vulgarizá-lo.

No Brasil, os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac e Raimundo Correia.


Olavo Bilac

Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e de sua esposa Delfina Belmira Gomes de Paula, também neto paterno de João Martins dos Guimarães Bilac e de Angélica Pereira da Fonseca, irmã do 1.º Visconde de Maricá e 1.º Marquês de Maricá, terá infância e adolescência comuns para sua época. Era considerado um aluno aplicado, conseguindo, aos 15 anos - antes, portanto, de completar a idade exigida - autorização especial para ingressar no curso de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, a gosto do pai, que era médico durante a campanha da Guerra do Paraguai, e a contra-gosto próprio.
Portanto, começa a frequentar as aulas da faculdade mencionada, terminada a rápida passagem no colegial, mas seu precoce trabalho na redação da Gazeta Acadêmica absorve-o e interessa-o mais do que a prática medicinal. Por este motivo, Bilac não concluiu o curso de medicina e nem o de direito que frequentou posteriormente, em São Paulo.
Bilac foi jornalista, poeta, frequentador de rodas de boêmias e literárias no meio letrado do Rio de Janeiro. Sua projeção como jornalista e poeta e seu contato com intelectuais e políticos da época conduziram-no a um cargo público: o de inspetor escolar. A se considerar a importância dada aos cargos escolares naquele período, principalmente aquele de professor da Escola Pedro II (onde diversos eruditos disputaram famosas preleções para cargo professoral, como Euclides da Cunha e Astrojildo Pereira), não é de somenos importância perceber o relevo social desta profissão naquele meio. Aliás, sua participação na vida cotidiana e cultural foi uma marca patente em sua imagem: sabe-se, por exemplo, que em 1897 Bilac acabou perdendo o controle do seu automóvel Serpollet e o bateu contra uma árvore na Estrada da Tijuca, no Rio de Janeiro - RJ, sendo o primeiro motorista a sofrer um acidente automobilístico no Brasil.
Aos poucos profissionaliza-se: produz, além de poemas, textos publicitários, crônicas, livros escolares e poesias satíricas. Visava, então, contar através de seus manuscritos a realidade presente na sua época. Prestou colaboração em publicações periódicas como as revistas: A Imprensa (1885-1891), A Leitura (1894-1896), Branco e Negro (1896-1898), Brasil - Portugal (1899-1914) e Atlântida (1915-1920). Sua estreia como poeta, nos jornais cariocas, ocorreu com a publicação do soneto "Sesta de Nero" no jornal Gazeta de Notícias, em agosto de 1884. Recebeu comentários elogiosos de Artur Azevedo, precedendo dois outros sonetos seus, no Diário de Notícias. Ademais, escreveu diversos livros escolares, ora sozinho, ora em co-autoria com seus amigos Coelho Neto e Manuel Bonfim.
Em 1891, com a dissolução do parlamento e a posse de Floriano Peixoto, inúmeros intelectuais perdem seu protetor, o dr. Portela, ligado ao primeiro presidente republicano Deodoro da Fonseca. Como reação, o escritor participa da fundação d'O Combate, órgão antiflorianista e opositor do estado de sítio declarado pelo marechal Floriano Peixoto após a ameaça de novo golpe político contra a ainda instável república, quando então o primeiro é preso e constrangido a passar quatro meses detido na Fortaleza da Laje, no Rio de Janeiro.



Homenagem filatélica de 1967.



O grande amor de Bilac foi Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira. Chegaram a ficar noivos, mas o compromisso foi desfeito por oposição de outro irmão da noiva, desconfiado de que o poeta era um homem arruinado. Seu segundo noivado fora ainda menos duradouro, com Maria Selika, filha do violonista Francisco Pereira da Costa. Viveu só, em consequência destes descasos amorosos, sem constituir família até o fim de seus dias. Decorrido seu falecimento, em 28 de dezembro de 1808, fora sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.
Participação cívica e social
Já consagrado em 1907, o autor do Hino da Bandeira é convidado para liderar o movimento em prol do serviço militar obrigatório − já matéria de lei desde 1907, mas apenas implementado em 1915 por ocasião da I Guerra Mundial. Bilac se desdobra para convencer os jovens a se alistar.
É como poeta Bilac que se imortalizou. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, foi a maior liderança e expressão do Parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade Parnasiana. A publicação de Poesias, em 1888 rendeu-lhe a consagração.
Já no fim de sua vida, em 1917, Bilac recebe o título de professor honorário da Universidade de São Paulo.
Principais obras


Membros da Academia de Letras: Olavo Bilac é o quarto em pé, da esquerda para a direita.
Dentre os escritos de Olavo Bilac, destacam-se os seguintes:
*Antologia poética;
Através do Brasil;
Conferências literárias (1906);
Contos Pátrios;
Crítica e fantasia (1904);
Crônicas e novelas (1894);
Dicionário de rimas (1913);
Hino à Bandeira;
Ironia e piedade, crônicas (1916);
Língua Portuguesa, soneto sobre a língua portuguesa;
Livro de Leitura;
Poesias (1888);
Tarde (1919) - Poesia, org. de Alceu Amoroso Lima (1957);
Teatro Infantil;
Tratado de Versificação, em colaboração com Guimarães Passos;
Tratado de versificação (1910);
Língua Portuguesa
É soneto constituído de versos decassílabos heroicos (acento tônico ocorrente nas 6 e 10 sílabas poéticas), com rimas opostas, interpoladas ou intercaladas.
"No poema Língua Portuguesa, o autor parnasiano Olavo Bilac faz uma abordagem sobre o histórico da língua portuguesa, tema já tratado por Camões. Este poema inspirou outras abordagens, como o poema 'Língua', de Gilberto Mendonça Teles e 'Língua', de Caetano Veloso.
Esta história é contada em quatorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos – um soneto – seguindo as normas clássicas da pontuação e da rima.
Partindo para uma análise semântica do texto literário, observa-se que o poeta, com a metáfora.'Última flor do Lácio, inculta e bela', refere-se ao fato de a língua portuguesa ter sido a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado pelos soldados da região italiana do Lácio.
No segundo verso, há um paradoxo: 'És a um tempo, esplendor e sepultura'. 'Esplendor', porque uma nova língua estava ascendendo, dando continuidade ao latim. 'Sepultura' porque, a partir do momento em que a língua portuguesa vai sendo usada e se expandindo, o latim vai caindo em desuso, 'morrendo'.
No terceiro e quarto verso, 'Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os cascalhos vela', o poeta exalta a língua que ainda não foi lapidada pela fala, em comparação às outras também formadas a partir do latim.
O poeta enfatiza a beleza da língua em suas diversas expressões: oratórias, canções de ninar, emoções, orações e louvores: 'Amo-te assim, desconhecida e obscura,/ Tuba de alto clangor, lira singela'. Ao fazer uso da expressão 'O teu aroma/ de virgens selvas e oceano largo', o autor aponta a relação subjetiva entre o idioma novo, recém-criado, e o 'cheiro agradável das virgens selvas', caracterizando as florestas brasileiras ainda não exploradas pelo homem branco. Ele manifesta a maneira pela qual a língua foi trazida ao Brasil – através do oceano, numa longa viagem de caravela – quando encerra o segundo verso do terceto.
Ainda expressando o seu amor pelo idioma, agora por meio de um vocativo, 'Amo-te, ó rude e doloroso idioma', Olavo Bilac alude ao fato de que o idioma ainda precisava ser moldado e, impor essa língua a outros povos não era um tarefa fácil, pois implicou destruir a cultura de outros povos.
No último terceto, para finalizar, quando o autor diz: 'Em que da voz materna ouvi: 'meu filho'!/ E em que Camões chorou, no exílio amargo/ O gênio sem ventura e o amor sem brilho', ele utiliza uma expressão fora da norma ('meu filho') e refere-se a Camões, quem consolidou a língua portuguesa no seu célebre livro 'Os Lusíadas', uma epopeia que conta os feitos grandiosos dos portugueses durante as 'grandes navegações' , produzida quando esteve exilado, aos 17 anos, nas colônias portuguesas da África e da Ásia. Desse exílio, nasceu 'Os Lusíadas', uma das oitavas epopeias do mundo."

O poema “Profissão de fé” de Olavo Bilac é uma representação da estética parnasiana no Brasil:
Veja um trecho:
(...)
E horas sem conta passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.
Porque o escrever – tanta perícia
Tanta requer,
Que ofício tal... nem há notícia
De outro qualquer.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por servir-te, Deusa serena,
Serena Forma!

Vemos nas estrofes acima aspectos parnasianos, como “a arte pela arte”: o poeta deixa claro que a arte poética exige do autor o afastamento quanto ao que acontece no mundo.
Ainda vemos a exaltação e procura por um rigor técnico, purismo na forma: o poeta diz que escrever requer muita perícia, cuidado e engrandece a estética formal “Serena Forma”
Além disso, observamos no poema a forma fixa dos sonetos, a rima rica e a perfeita ou rara em contraposição aos versos livres e brancos dos poetas românticos.





REFERÊNCAS BIBLIOGRÁFICAS

SuaPesquisa: <Website: http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/parnasianismo.htm>, acessado em 30 de Novembro de 2014, às 14:37hrs.
InfoEscola: <Website: http://www.infoescola.com/literatura/parnasianismo/>, acessado em 01 de Dezembro de 2014, às 15:17hrs.
BrasilEscola: <Website: http://www.brasilescola.com/literatura/parnasianismo-no-brasil.htm>, acessado em 02 de Dezembro de 2014, às 13:21hrs.
Wikipédia: <Website: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parnasianismo>, acessado em 02 de Dezembro de 2014, às 16:16hrs.


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