Simbolismo no Brasil
O precursor
do simbolismo foi o poeta francês Charles
Baudelaire (1821 – 1867). Sua
poesia buscava abordar temas como miséria, prostituição, bêbados, frequentadores
desocupados das tavernas, etc. Pode parecer estranho para muitos, mas ele via
poesia em todos esses assuntos.
O Simbolismo
chegou ao Brasil em 1893, com a publicação das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambas de autoria
de Cruz e Sousa, que é considerado o maior autor simbolista.Em um ambiente em
processo de mudanças econômicas, o Brasil passava por guerras civis nos anos
entre 1893 e 1895. Com grande desordem na sociedade, incluindo o setor
econômico e político, as potências mundiais estavam em guerra devido à decisão
pelo poder econômico dos mercados consumidores e fornecedores. O Simbolismo
surgiu neste contexto histórico, ao final do século XIX, se opondo ao realismo.
Ao contrário
do que aconteceu na Europa, onde o Simbolismo contou com maior destaque em
relação ao Parnasianismo, no Brasil o movimento ficou à sombra da poesia
parnasiana, que ganhou a simpatia das camadas mais cultas do país, sobretudo em
virtude do preciosismo da métrica e linguagem. Embora não contasse com o mesmo
prestígio, a poesia simbolista brasileira deixou uma contribuição
significativa, prenunciando os movimentos literários do século XX.
Apesar da
estética simbolista ser oposta à estética parnasiana, especialmente no que se
refere à ideologia, ambas se preocupavam com a linguagem e com o rigor formal,
sendo possível encontrar algumas influências parnasianas nos versos do poeta
Cruz e Sousa. O simbolismo nasceu do descontentamento de escritores contrários
ao Naturalismo e ao Realismo, que pregavam uma visão materialista e
cientificista da vida defendida pelo Positivismo. Os primeiros simbolistas
apresentavam uma estética marcada pela subjetividade, elemento presente no
misticismo e na sugestão sensorial, diametralmente oposta aos valores
defendidos pela estética realista.
No Brasil,
as inovações estiveram relacionadas com o plano temático e com o plano formal,
com uma poesia permeada pelo subjetivismo, representado pelos sofrimentos
universais, o amor, a morte e a religiosidade. Todos esses assuntos foram
expostos através de um cuidadoso trabalho com a linguagem, privilegiando o uso
de figuras de linguagem, sobretudo da sinestesia, além de versos com elaboradas
construções sonoras, tendo por finalidade conferir musicalidade e ritmo às
palavras.
CARACTERÍSTICAS
-
Misticismo, religiosidade
- Desejo de transcendência e integração com o cosmos
- Interesse pelo inconsciente e subconsciente
- Subjetivismo
- Pessimismo
- Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte
- Retomada de elementos da tradição romântica
- Atração pela morte e elementos decadentes da condição humana
- Desejo de transcendência e integração com o cosmos
- Interesse pelo inconsciente e subconsciente
- Subjetivismo
- Pessimismo
- Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte
- Retomada de elementos da tradição romântica
- Atração pela morte e elementos decadentes da condição humana
- Valorização dos sentimentos individuais
- Isolamento da sociedade
- Conteúdo relacionado com o espiritual, o místico e o subconsciente
- Concepção mística da vida
- Ênfase na imaginação e fantasia
- Comparação da poesia com a música
- Enfoque espiritualista da mulher envolvendo-a em um clima de sonho
CRUZ
E SOUSA (1861 –
1898)
Filho de
ex-escravos, Cruz e Sousa sofreu muito com o preconceito racial.Estudou na
melhor escola da sua região e aprendeu latim, grego e francês. O autor dirigiu
o jornal com visão abolicionista chamado Tribuna Popular, mas sofreu muito
preconceito durante toda a vida devido à sua cor de pele e, inclusive, foi
impedido de assumir o cargo de juiz por causa de sua cor.
Considerado
um dos mais importantes poetas da nossa literatura brasileira é o mais
importante poeta simbolista.
Seus livros
“Missal” e “Broquéis” (únicos publicados em
vida), marcam o início desse estilo literário no Brasil.
Obra
Musselinosas
como brumas diurnas
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.
Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.
Os plenilúnios mórbidos vaporam ...
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos ...
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.
Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.
Os plenilúnios mórbidos vaporam ...
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos ...
(Sinfonias
do Ocaso – Cruz e Sousa)
ALPHONSUS
DE GUIMARAENS
(1870 – 1921)
Nasceu em
Ouro Preto (Minas Gerais) e foi um dos grandes representantes do Simbolismo
nacional. Nascido em 1870, Afonso Henrique da Costa Guimarães abandonou a
juventude boêmia para estudar Engenharia, e em seguida, abandonando o curso
anterior, Direito. O autor morou grande parte de sua vida em Mariana. O autor
usava muita musicalidade e sutileza, e procurava inspirar a atmosfera religiosa.
Sua poesia é
voltada para o tema da morte da mulher amada. Ao explorar esse tema ele se
aproxima dos escritores ultra-românticos
que exploravam a literatura gótica e macabra. Sua obra possui uma atmosfera
mística e melancólica.
Ismália
Quando
Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho
em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no
desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...
E como um
anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas
que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus
de Guimaraens)
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