segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Simbolismo




Simbolismo no Brasil

O precursor do simbolismo foi o poeta francês Charles Baudelaire (1821 – 1867). Sua poesia buscava abordar temas como miséria, prostituição, bêbados, frequentadores desocupados das tavernas, etc. Pode parecer estranho para muitos, mas ele via poesia em todos esses assuntos.
O Simbolismo chegou ao Brasil em 1893, com a publicação das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambas de autoria de Cruz e Sousa, que é considerado o maior autor simbolista.Em um ambiente em processo de mudanças econômicas, o Brasil passava por guerras civis nos anos entre 1893 e 1895. Com grande desordem na sociedade, incluindo o setor econômico e político, as potências mundiais estavam em guerra devido à decisão pelo poder econômico dos mercados consumidores e fornecedores. O Simbolismo surgiu neste contexto histórico, ao final do século XIX, se opondo ao realismo.
Ao contrário do que aconteceu na Europa, onde o Simbolismo contou com maior destaque em relação ao Parnasianismo, no Brasil o movimento ficou à sombra da poesia parnasiana, que ganhou a simpatia das camadas mais cultas do país, sobretudo em virtude do preciosismo da métrica e linguagem. Embora não contasse com o mesmo prestígio, a poesia simbolista brasileira deixou uma contribuição significativa, prenunciando os movimentos literários do século XX.
Apesar da estética simbolista ser oposta à estética parnasiana, especialmente no que se refere à ideologia, ambas se preocupavam com a linguagem e com o rigor formal, sendo possível encontrar algumas influências parnasianas nos versos do poeta Cruz e Sousa. O simbolismo nasceu do descontentamento de escritores contrários ao Naturalismo e ao Realismo, que pregavam uma visão materialista e cientificista da vida defendida pelo Positivismo. Os primeiros simbolistas apresentavam uma estética marcada pela subjetividade, elemento presente no misticismo e na sugestão sensorial, diametralmente oposta aos valores defendidos pela estética realista.
No Brasil, as inovações estiveram relacionadas com o plano temático e com o plano formal, com uma poesia permeada pelo subjetivismo, representado pelos sofrimentos universais, o amor, a morte e a religiosidade. Todos esses assuntos foram expostos através de um cuidadoso trabalho com a linguagem, privilegiando o uso de figuras de linguagem, sobretudo da sinestesia, além de versos com elaboradas construções sonoras, tendo por finalidade conferir musicalidade e ritmo às palavras.



 CARACTERÍSTICAS 
- Misticismo, religiosidade
- Desejo de transcendência e integração com o cosmos
- Interesse pelo inconsciente e subconsciente
- Subjetivismo
- Pessimismo
- Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte
- Retomada de elementos da tradição romântica
- Atração pela morte e elementos decadentes da condição humana


- Valorização dos sentimentos individuais
- Isolamento da sociedade
- Conteúdo relacionado com o espiritual, o místico e o subconsciente
- Concepção mística da vida
- Ênfase na imaginação e fantasia
- Comparação da poesia com a música
- Enfoque espiritualista da mulher envolvendo-a em um clima de sonho


CRUZ E SOUSA (1861 – 1898)
Filho de ex-escravos, Cruz e Sousa sofreu muito com o preconceito racial.Estudou na melhor escola da sua região e aprendeu latim, grego e francês. O autor dirigiu o jornal com visão abolicionista chamado Tribuna Popular, mas sofreu muito preconceito durante toda a vida devido à sua cor de pele e, inclusive, foi impedido de assumir o cargo de juiz por causa de sua cor.
Considerado um dos mais importantes poetas da nossa literatura brasileira é o mais importante poeta simbolista.
Seus livros “Missal” e “Broquéis” (únicos publicados em vida), marcam o início desse estilo literário no Brasil.

Obra
Musselinosas como brumas diurnas
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.
Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.
Os plenilúnios mórbidos vaporam ...
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos ...
(Sinfonias do Ocaso – Cruz e Sousa)




ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870 – 1921)
Nasceu em Ouro Preto (Minas Gerais) e foi um dos grandes representantes do Simbolismo nacional. Nascido em 1870, Afonso Henrique da Costa Guimarães abandonou a juventude boêmia para estudar Engenharia, e em seguida, abandonando o curso anterior, Direito. O autor morou grande parte de sua vida em Mariana. O autor usava muita musicalidade e sutileza, e procurava inspirar a atmosfera religiosa.
Sua poesia é voltada para o tema da morte da mulher amada. Ao explorar esse tema ele se aproxima dos escritores ultra-românticos que exploravam a literatura gótica e macabra. Sua obra possui uma atmosfera mística e melancólica.


Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus de Guimaraens)

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